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Dúvidas comuns antes de uma cesárea

É comum surgirem algumas dúvidas diante de um momento tão importante, ainda mais quando se trata de uma cirurgia delicada como a cesárea. Mas fique tranquila, pois separamos as principais dúvidas das futuras mamães relacionadas a esse tema.

Quando a cesárea é indicada?1,2

Algumas mulheres que optam pelo parto via vaginal acabam necessitando de uma cesariana. Alguns casos (mas não todos) são:

  • Trabalho de parto não progredindo;
  • Batimentos cardíacos fetais sugerindo que o bebê não está tolerando o trabalho de parto;
  • Posição do feto (transversa, de face);
  • Desenvolvimento de uma emergência materna ou fetal.

Ainda, existem os casos de cesárea planejada, como:

  • Cirurgia uterina prévia (por exemplo: miomectomia, múltiplas cesarianas, cesariana anterior com incisão vertical no útero);
  • Obstrução mecânica local (por exemplo: mioma volumoso, fratura pélvica);
  • Bebê grande para a idade gestacional (principalmente) para mães diabéticas;
  • Mãe com uma infecção ativa (por exemplo: herpes, HIV);
  • Gestações múltiplas;
  • Câncer cervical (parede abdominal);
  • Placenta cobrindo o canal de saída;
  • Defeitos do feto.

Apesar das controvérsias relacionadas a essas indicações, é importante que a tomada de decisão seja compartilhada entre obstetra e gestante.
Além da cesárea por solicitação materna, o mais importante no momento do agendamento é a idade gestacional do concepto (sempre após 39 semanas), mas existem situações em que é necessário o agendamento mais precoce.

Quais são os riscos da cesárea para as mães?1,2

Os riscos da cesárea envolvem aqueles relacionados a uma grande cirurgia e à anestesia geral ou regional. As desvantagens comparadas ao parto vaginal em relação ao risco materno são:

  • Mais risco de lesão de órgãos abdominais (bexiga, intestino, vasos sanguíneos), infecção (ferida, útero, urinária) e trombose;
  • Mais risco de hemorragia e maior volume de perda sanguínea;
  • Interferência no contato entre mãe e recém-nascido;
  • Recuperação mais demorada;
  • Cesárea está associada à adesão da placenta ao útero em gestações subsequentes;
  • Incisão no útero aumenta o risco, mesmo que pequeno, de rotura uterina.

Para o bebê, aumenta o risco de complicações respiratórias agudas transitórias, uma vez que ele não sofre maturação pulmonar completa por meio da passagem pelo canal de parto.

O que é a cesárea por solicitação materna?1,2

O conceito de cesárea por solicitação materna é recente até mesmo em países desenvolvidos.
A gestante tem escolha na tomada de decisão relacionada ao seu tratamento, assim como sobre a forma que deseja parir seu bebê.
A decisão deve ser baseada nas informações fornecidas pelo seu obstetra, desmistificando pontos que geram medo como dor e o processo a ser esperado durante o trabalho de parto. Sendo assim, vale ressaltar que a decisão pode ser reconsiderada a qualquer momento.

O que é uma cesárea humanizada?4

O melhor termo seria parto humanizado, considerando que é aquele que respeita a vontade da mulher. Gradativamente, as pesquisas médicas vêm demonstrando que podemos fornecer uma assistência menos intervencionista, mais respeitosa e individual, mantendo a segurança para a gestante e seu filho.
No que diz respeito à cesárea, podem ser implementados:

  • Aleitamento materno no pós-parto imediato;
  • Contato pele a pele no momento do nascimento;
  • Alojamento conjunto (mãe e recém-nascido);
  • Presença do pai ou outro acompanhante no processo do parto.

Recomendam-se também a modificação de rotinas hospitalares consideradas desnecessárias e geradoras de risco, custos adicionais e excessivamente intervencionistas no que tange ao parto, como enteróclise (enema), tricotomia, deambulação precoce, menos tempo de jejum, e todos os recém-nascidos passarem um período mínimo em incubadora.

No caso de cesárea eletiva, quais são os preparos que tenho que fazer antes da cirurgia?1,2

  • Remover unhas postiças;
  • Não usar maquiagem;
  • Retirar todas as joias, bijuterias e piercings;
  • Comunicar o uso de apliques para cabelo;
  • Fazer a tricotomia no local da incisão (evitar uso de lâminas) ou remover pelos usuais à gestante;
  • Deve ser orientado jejum de 12 horas para sólidos e 10 horas para líquidos leves (água e chás);
  • Em caso de medicações regulares de que faça uso, ingerir com uma pequena quantidade de líquido (anti-hipertensivo, hormônio tireoidiano).

O que devo esperar durante a recuperação?1,2

Durante a sua recuperação, o que pode acontecer são:

  • Cólicas leves, principalmente associadas à amamentação;
  • Sangramento e/ou escape por um período de 4 a 6 semanas;
  • Presença de sangramento com coágulos e cólicas;
  • Dor na incisão;
  • Abstinência sexual: prevenir infecção.

Em caso de febre, piora da dor e aumento do sangramento, entre em contato com o seu obstetra.

Como será minha cicatriz?1-3

A incisão da cesariana, ou incisão Pfannenstiel, é transversa à pele 1 a 2 cm da borda superior do púbis levemente arciforme com concavidade superior e extensão de 10 a 12 cm. Tem como desvantagem parestesia prolongada provocada pela secção dos nervos sensitivos superficiais à custa dos seus benefícios estéticos.

O cuidado com a cicatriz nas duas primeiras semanas se restringe à higiene local, até a retirada dos pontos (quando for o caso) ou reavaliação pelo obstetra.
Em seguida, para um melhor resultado estético, é recomendado: evitar exposição solar, gel de silicone e pressão local por um período de 6 semanas com reavaliação e manutenção por 3 meses.
É importante reforçar o conceito de que o gel de silicone é padrão-ouro, ou seja, primeira linha entre as opções não invasivas no tratamento e na prevenção de cicatrizes hipertróficas e queloides.

Existe a viabilidade do parto vaginal após um parto cesáreo?1,2

Mulheres que já tiveram cesariana podem ter um parto vaginal posterior. A decisão depende da incisão no útero na cesárea anterior e do número de cesáreas anteriores. Em torno de 60 a 80% das mulheres conseguem ter um parto vaginal após uma cesariana. O parto vaginal após cesariana leva a um risco menor que 1% de rotura durante o trabalho de parto.

Fontes
1. BERGHELLA, V.; LOCKWOOD, C. J.; BARSS, V. A. Cesarean delivery: surgical technique. U: UpToDate, Post TW ur. UpToDate [Internet]. Waltham: MA: UpToDate, 2019.
2. American College of Obstetricians and Gynecologist (ACOG). Patient resources faqs. Disponível em: https://www.acog.org/patient-resources/faqs. Acesso em: 17 jun 2020.
3. MEAUME, S. et al. Management of scars: updated practical guidelines and use of silicones. European Journal of Dermatology, v. 24, n. 4, p. 435-443, 2014.
4. PETRUCCE, Luiz Fernando Fernandes et al. Humanização no atendimento ao parto baseada em evidências. Femina, 2017.

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